O Dodge 1800 não teve boa aceitação no mercado brasileiro por conta de problemas de qualidade. Na foto de cima, o modelo inicial de 1973, e na de baixo um Polara GLS de 1980, que recebeu as evoluções solicitadas pelos compradores, mas já era tarde.
Lançado em 1973, o Dodge 1800 vinha para representar a Chrysler brasileira no segmento dos médios. Este foi um ano de lançamentos da nossa indústria automobilística, pois na mesma época também chegaram Brasília, Chevette e Maverick. O carro da Ford era maior e de porte avantajado, sendo por isso posicionado em faixa superior. Já o modelo da Volkswagen e o veículo da General Motors vinham para o segmento dos pequenos. O "Dodginho" vinha em versões básica, L e GL, com tração traseira e motor 1.8 de 78 cv de potência e 13,4 mkgf de torque, com o qual se obtinham velocidade máxima de 140 km/h e 16 segundos para cumprir a aceleração de 0 a 100. Seus concorrentes, o Corcel e o TL, tinham desempenho inferior devido aos motores limitados (o primeiro tinha as opções 1.3 e 1.4, e o último, o 1.6 refrigerado a ar). De frente era muito semelhante ao Hillman Avenger inglês de então, com quatro grandes faróis redondos sobre a grade preta e pára-choque cromado (mas de lâmina mais larga no nacional). A traseira seguia a da versão argentina e as lanternas eram retangulares. Como de praxe naquele tempo, vinha somente com duas portas para atender a preferência dos brasileiros. O interior era simples e confortável, e a versão superior vinha equipada com sistema de som e ventilação forçada. O retrovisor interno era colado ao pára-brisa (destacava-se em caso de impacto, sem causar ferimentos) e a carroceria tinha área de deformação frontal e uma cabine muito rígida. Este Dodge teve uma série de graves problemas descobertos pelos donos: caixa de câmbio problemática, consumo elevado, vibrações anormais na direção, mau acabamento externo e interno e baixa qualidade de produção, que quase o mataram em pouco tempo. A Chrysler optou por buscar de todas as maneiras resgatar a imagem de seu carro médio, introduzindo melhorias técnicas e efetuando a "operação garantia total", em que reparava defeitos na garantia para reconquistar os clientes insatisfeitos. Para a linha 1974, foi apresentada a versão 1800 SE, com a parte inferior da carroceria em preto-fosco (recurso usado em excesso na década de 70 por muitos fabricantes), e rodas de desenho exclusivo. Por dentro, tinha revestimento mais alegre e volante esportivo de três raios, mas foi feita uma simplificação que eliminou o comando interno do capô. O motor ganhava um pouco de potência (82 cv) e torque (14,5 mkgf) com o carburador SU de ventúri regulável, mas o desempenho pouco melhorava, sendo insatisfatório para um esportivo. Na tentativa de reduzir o consumo, a Chrysler trocou o carburador Lucas britânico pelo Hitachi japonês, e adotou mistura ar-combustível empobrecida. Em 1975, não teve alterações. Para 1976, apostando na subida das vendas, até o nome foi trocado, passando a se chamar Polara, mas a aparência não mudou. O motor agora tinha 93 cv de potência e 15,5 mkgf de torque (números brutos), a traseira era mais baixa e o interior tinha novos materiais no acabamento. No ano seguinte, não teve mudanças. Para 1978, a frente foi remodelada, com a chegada dos faróis retangulares, luzes de direção nos extremos dos pára-lamas e o emblema de um leão estilizado. Na traseira, as lanternas foram reformuladas. Agora haviam as opções de pneus radiais e de bancos reclináveis com ajuste contínuo do encosto, este um conforto há tempos solicitado. O carburador recebeu nova calibragem para tentar mais uma vez reduzir o consumo de combustível. Na linha 1979, o Polara inovou sendo o primeiro carro médio brasileiro a oferecer transmissão automática, até então oferecida somente em carros de grande porte, como Opala, Maverick, Galaxie/Landau e os irmãos de motor V8. O câmbio deste Dodge tinha quatro marchas, e as relações de quarta e diferencial eram as mesmas das versões manuais. Em 1980 surgiu o acabamento GLS, que oferecia bancos dianteiros com encosto de cabeça integrado e painel de instrumentos completo com seis mostradores, incluindo manômetro de óleo e voltímetro. Opcionalmente, podia-se pedir o pára-brisa laminado, que não se estilhaça ao quebrar, e hoje é obrigatório (passaria a ser assim em 1991) e presente em todos os carros. Na mecânica, novidades: carburador vertical de corpo duplo e taxa de compressão mais alta (8:1). A potência era de 90 cv e o torque era de 15 mkgf (números líquidos), com o que se obtinha aceleração de 0 a 100 em 15 segundos e velocidade máxima de 155 km/h. Os pneus agora eram radiais 165/80-13 de série, os mesmos que equipariam o Kadett de 1989 a 1994. No mesmo ano, a Volkswagen adquiria o controle acionário da Chrysler do Brasil. Como a marca alemã já oferecia o Passat no mesmo segmento, não havia interesse desta em renovar um projeto velho. Em 1981, depois de muitos problemas e tentativas fracassadas de aumentar as vendas, o Polara saiu de linha e na mesma época a Chrysler deixou o país.
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